27 de jan. de 2013

Sobre o verbo ser

Só quatro semanas, menina. Um número que te fez crescer, um número que desaparecerá daqui alguns dias, um número que será outro. Que alma mais pesada, menina. Nem te entendo direito, coloquei um outro pra transmitir minha voz, pra te acariciar vez ou outra. Coloquei ele aí para ser consertado, tu remendarás o coração dele. Pouco a pouco, eu sei. Não se precipite, menina. Sei que tu és um impulso desde o primeiro instante, mas desacelere. São só quatro semanas, quase quinze anos. Tens muito pela frente, menina. Tudo virá, é questão de tempo. Já estás adiantada, mas não faz mal, segurarei teus sapatos quando for a hora certa. 

Não esconda o riso, menina. Pode ser que precisem dele. Quer dizer, precisam dele. Continue com a ideia de mudar o mundo, ela será realizada se você quiser. Ainda estou aqui, menina. Não renegue, não mintas, não... Admire-o, menina. Lembre-se que te falei sobre a hora certa, lembre-se que não te dei o relógio.

Desce do ônibus, menina. Já te mandei pular daí outras vezes, pule de novo. Ainda tens minha mão, ainda tens meu sorriso, ainda tens restinhos da alma de criança. Eu sei, é impossível não contaminar-se. Também fui contaminado, fiz o mesmo. Não quero que sejas santa, não quero que sejas papisa. Quero que sejas. Apenas isso. E tu és. E ser não é fácil como tu pensas, mas tu és no meio dos que não são.

Tu és. Eu sou.

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